Prefiro os loucos.
A leveza, a intensidade, o destemor e o sarcasmo dos loucos.
Nós, loucos, tocamos fundo no outro, na alma do outro, no coração do outro, na pele do outro.
Impossível é palavra desconhecida e arriscar nosso exercício constante. Somos hipertrofiados de risco.
Brincamos de mudar de ideia, de gosto, de direção, de transformar nossa vida em arco-íris e o dia da volta numa incógnita.
Acreditamos no outro ser humano e mais ainda no ser humano que somos.
O que é morno, razoável, ponderado soa como cantiga de ninar, não como meta a ser alcançada.
Quando gostamos é profundamente, verdadeiramente e apaixonadamente.
Perdemos de vez o eixo, a zona de conforto e o porto seguro.
Gente louca tem medo, mas abre mão dele quando a vida grita para “ir”. E nós vamos. Sempre vamos, ainda que de olhos fechados, se mais confortável for.
Gente louca está sempre tentando de novo, de novo e de novo.
Covardia é substantivo esquecido.
Nós, loucos, não envelhecemos, vivemos.
Subimos no palco, damos show, mas dispensamos categoricamente os aplausos.
Precisamos é viver de pulsar quase que taquicardicamente numa arritmia de amor.
E é diferente a forma como nossos olhos brilham. Vontade pura apenas de provocar quem insiste em andar na sombra.
Talvez a loucura seja uma tradução de sabedoria.
Pode ser a sabedoria dos tristes, algumas vezes.
Mas … que ela não seja menos divina por isso.